Cotidiano

Por que Beethoven é melhor do que funk

Por Nelson José de Camargo*

Um respeitado sociólogo, irmão de um roqueiro bem conhecido no Brasil, declarou a um jornal de grande circulação que o funk carioca é arte de vanguarda. Pode ser desprezado pela elite intelectual, tal como foi no passado certo tipo de música negra norte-americana, que hoje é tida como de boa qualidade.

Afinal, o que é bom e ruim em arte? É possível chegar a um “juízo estético” para definir algo como “bom ou ruim” com base em critérios puramente racionais e objetivos?

Esta é uma tarefa hercúlea, na qual nem mesmo Kant foi bem-sucedido. Mas alguns conceitos formulados pelas Ciências Sociais no século XX podem nos ajudar a resolver esse dilema.

A chamada grande cultura seria apenas um padrão estabelecido por representantes brancos, europeus e homens da Europa. Portanto, é um conceito etnocêntrico, machista, misógino e preconceituoso.

Qual é a diferença entre “civilizado” e “selvagem”? Ora, o primeiro é tudo aquilo que se enquadra no paradigma eurocêntrico, colonialista adotado pelas classes dominantes. O segundo é quem não se submete a esse paradigma.

Por que sou contra a redução da maioridade penal

* Por Nelson José de Camargo
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Sempre que um crime brutal é cometido por um assim chamado “menor de idade”, reacende-se o debate sobre a redução da maioridade penal. Há projetos no Congresso para reduzir a maioridade penal para 16 anos. De modo geral, são propostas de políticos conservadores e adeptos de práticas clientelistas, ainda muito comuns no Brasil.

A adoção dessa medida seria absolutamente inócua para reduzir a violência, e apenas empurraria para o crime “menores de idade” ainda mais jovens, abaixo de 16 anos, por exemplo, que seriam os “novos menores”.

A solução para esse grave problema é muito mais radical. Começa pelo questionamento sobre o que é “maioridade”. O que é “maioridade penal”? Como definir alguém como “maior” ou “menor” de idade?

O primeiro registro formal de “maioridade” é oriundo do Direito Romano, que considerava “impúberes” homens com menos de 18 anos e mulheres com menos de 14 anos.

Na Idade média, boa parte dos conceitos do Direito Romano foi mantida. No período carolíngio, por exemplo, menores de 14 anos não podiam ser condenados à morte, ainda que estivessem sujeitos a receber castigos corporais.

Manifestações culturais e civilização

Por Nelson José de Camargo*

As manifestações culturais refletem o grau de civilização de um povo. 

Alguns povos da Antiguidade são lembrados até hoje pelas contribuições que deram à arte e a cultura. Os egípcios, por exemplo, construíram as pirâmides, notáveis exemplos de obras de engenharia.

Os fenícios, notáveis navegadores e comerciantes, inventaram o alfabeto fonético, que é a base de todas as línguas ocidentais.

Na Grécia antiga, surgiram narrativas a Ilíada e a Odisseia, que estabeleceram os padrões do que viria a ser a literatura ocidental. Pensadores como Sócrates, Platão e Aristóteles, ao refletir de forma racional sobre as grandes questões da humanidade, criaram a Filosofia. Tales, Pitágoras, Arquimedes Eratóstenes e Euclides estabeleceram os princípios da Matemática, a “rainha das ciências”.

A civilização romana espalhou o legado grego para a maior parte do ocidente e estabeleceu os fundamentos do Direito, que até hoje norteiam as leis na maioria das nações.

Depois da longa noite da Idade Média, os valores culturais e artísticos greco-romanos inspiraram o renascimento, que revelou ao mundo gênios como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Caravagggio e muitos outros. Na literatura, surgiram Dante, Cervantes, Shakespeare.

A Ciência livrou-se dos dogmas e o método científico, aperfeiçoado por Descartes, Galileu e Newton, mudou a concepção de mundo e de Universo. O Iluminismo apareceu no século XVIII para derrubar o poder dos reis e estabelecer as bases das modernas democracias. Na música, Bach, Haydn, Mozart e Beethoven refletiram o espírito dessa época, de mudança da sociedade aristocrática para a burguesa, e foram os maiores nomes do que viria a ser a música clássica, ou música de invenção. 


O que é ser classe média?



Por Nelson José de Camargo*
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Com o crescimento econômico e a melhoria das condições sociais verificadas nas últimas décadas no Brasil, fala-se muito na ascensão da “nova classe média”, ou “classe C”. Mas o que é ser classe média no Brasil?
Na verdade, trata-se de um conceito pouco definido. Quando, há alguns anos, foi noticiado o brutal assassinato dos pais de uma jovem universitária, crime que foi encomendado pela própria jovem, a família foi apresentada como sendo da “classe média” paulistana, embora vivesse em uma mansão em um bairro nobre.
Já uma pessoa que trabalha durante o dia e estuda em uma faculdade particular à noite também pode ser definida como de “classe média”, embora seus rendimentos não possam ser nem de longe comparados aos da família da jovem parricida.
No Brasil, ninguém se assume como “rico”, tampouco “de direita”. Vivemos em um país das maravilhas onde todas as pessoas bem-sucedidas são de “classe média” e de “centro-esquerda”.
O que é, então, a “classe média”? Trata-se, na verdade, da pequena-burguesia conservadora, defensora da “moral e dos bons costumes”, particularmente com a vida alheia (pois ser classe média é criticar os defeitos dos outros que ignora em si mesmo). Ser classe média é protestar contra a “corrupção do governo”, mas não ter nenhum pudor de recorrer ao “jeitinho” para obter benefícios pessoais. Ser classe média é ser contra o racismo, desde que os filhos não se casem com pessoas da “cor” ou “classe social” errada. Alguém da classe média é a favor da vida e totalmente contra o aborto, desde que a própria filha não fique grávida da pessoa errada na hora errada. É ser “ecológico” e sentir-se com a consciência limpa por usar uma sacola retornável nas compras no supermercado, mas “esquecer” que o esgoto da cada da praia (ou do campo) não é tratado. O indivíduo de “classe média” é adepto de todas as religiões, desde que isso não signifique a convivência com pessoas diferentes dele.
Um típico sujeito de classe média no Brasil não passa de um hipócrita.

*Nelson José de Camargo é Bacharel em filosofia e jornalista.


Por que a televisão emburrece



Por Nelson José de Camargo*
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A televisão brasileira é constantemente louvada como uma das mais criativas e dinâmicas do mundo. As telenovelas, principais atrações da emissora líder de audiência, são exportadas para diversos países. É verdade que hoje, embora ainda dominem a audiência no horário nobre, não detêm mais praticamente o monopólio da audiência, em virtude do crescimento da TV a cabo e da internet. A grande massa, porém, permanece sintonizada na “dramaturgia global”.

Isso significa que essa dramaturgia é de boa qualidade, pois consegue prender a atenção de parte significativa da população? Não, muito pelo contrário. Trata-se, na verdade, da imposição de um modelo emburrecedor e que pasteuriza a cultura nacional.

“O Aufklärung intelectual é um meio infalível para tornar os homens inseguros, com a vontade fraca, com desejo de ser conquistados e protegidos, em resumo, transformados em criaturas de rebanho”, como disse Nietzsche. E é exatamente o conjunto das “criaturas de rebanho” que prestigia os folhetins televisivos. As telenovelas “globais” não passam de subliteratura barata, repletas dos mais batidos clichês, que apelam cada vez mais para os mais sórdidos instintos.

Assiste-se a um desfilar de tipos caricatos, representados por grandes “atores e atrizes”, fluentes no carioquês pasteurizado, independentemente da origem de seus personagens. Esse tipo de lixo influencia a moda, os costumes, os bordões, a música e a cultura do país, até ser substituído pela próximo telelixo do horário, escrito pelo literato de araque de plantão.



O que é proibido atrai?

Por Nelson José de Camargo*

Em tempos politicamente corretos, cabe ao Estado definir o que as pessoas devem ou não fazer. Existe uma campanha cada vez mais forte contra as bebidas alcoólicas. Atualmente, os menores de 18 anos não podem consumir nenhum tipo de bebida alcoólica, mesmo na companhia dos pais e com o consentimento destes. “Álcool para menores é proibido” é o slogan da campanha.

Quando vamos ao supermercado, nos perguntam se vamos pagar a conta com cartão alimentação; pois se comprarmos uma bebida alcoólica, não podemos usar o vale.

Enquanto isso, crianças, jovens, adultos e velhos consomem refrigerantes que contêm acidulantes, corantes, edulcorantes, flavorizantes e uma série de produtos químicos nocivos à saúde; no caso dos refrigerantes diet, há suspeitas de que os principais edulcorantes utilizados para substituir o açúcar – sacarino e ciclamato – possam ter efeito cancerígeno.

Mas a patrulha politicamente correta elegeu um vilão – as bebidas alcoólicas são as viças que devem ser combatidas. Muitas pessoas são favoráveis à proibição de qualquer propaganda de bebida alcoólica. E quantos não ficariam contentes se o comércio e o consumo de bebidas fosse totalmente proibido?

Isso remete à lei seca nos Estados Unidos – período em que houve a maior criminalidade naquele país. Basta lembrar da Chicago dos anos 30, de Al Capone, da máfia...

Sina

Por Ana Lucia Sorrentino*



Vi meu sangue correndo no roxo das veias,
sob a pele tão branca, tão transparente,
e tive dó de tanta fragilidade.
Os homens não têm sido mais
do que ilusões de homens.
Parece-me, afinal,
que pouca gente existe de verdade.
Contorço-me, circense,
sobrevivendo num mundo
onde impera a falsidade.
Desejo intensamente o distante.
Desisti de esperar do próximo proximidade.
Pago caro, todos os dias,
a conta alta que me apresenta
o vício da liberdade.
Resistente, me nego à hipocrisia.
Entrego-me, então, à mais fiel amante:
minha doce amiga Solidão.

Analú

Do blog: http://reencontrandosuaalma.blogspot.com/2012/01/sina.html

*Ana Lucia Sorrentino é Escritora e estudante no curso de Filosofia da Universidade São Judas Tadeu


O Mundo

Por Ana Lucia Sorrentino*
 
Ainda menina mimada, pernas finas e um leve e ingênuo corpo de pura credulidade, vi o Mundo sentado num canto, como que me esperando, receptivo, e cedi à tentação: sentei no colo do Mundo. Embora agitada, e mal podendo me conter ali, tanta coisa a se viver, o colo que o Mundo me oferecia era tão confortável e caloroso, e sua aceitação de mim tão grande, que rapidamente me habituei a recorrer a seu aconchego sempre que cansada da agitação da Vida.

Vez ou outra me esquecia de tudo o que não fosse Mundo. Recostava a cabeça em seu peito, sentia suas mãos firmes me segurando e chegava mesmo a cochilar, em total abandono.
Com o passar dos anos, a certeza de que o Mundo estaria ali, me esperando, sempre que o procurasse, se consolidou e passei a ter nele meu porto seguro.

Certa vez, mais encorpada, pés já tocando o chão, senti que talvez pesasse e causasse algum cansaço no mundo. Percebi uma tentativa dele em me acomodar melhor, como fora tão natural até então. Disfarçadamente, voltei-lhe a minha atenção.

Libertinagem Feminina em Onfray

Por Helena Novais*

Uma amiga que passou por aqui, se disse surpresa com a minha adesão à proposta de uma libertinagem feminina feita pelo filósofo francês Michel Onfray, sendo eu tão “comportada”. De imediato me lembrei de alguém que na ocasião de minha visita à Escola Florestan Fernandes, disse ter eu “jeito de Irmã ”, ou seja, me confundiu com uma freira.

Bom registrar que não sou nem uma coisa nem outra, nem freira e nem libertina (rs). Apenas faço o possível para ser boa estudante, futura filósofa produtiva e atuante (e isso não depende apenas de terminar o curso), ser humano feliz e em constante evolução.

Considero o ponto de vista do Onfray, um feminino libertino, como objeto de reflexão filosófica. Estou longe de acreditar que “libertinagem” seja garantia de felicidade ou que seja estado ideal do feminino. Acredito, sim, que a máxima “conhece a ti mesmo” é uma boa orientadora do comportamento pessoal, que deve se reger de acordo com características individuais.

Quase Trinta

Sobre a idade
Por Marcelo Cajui*

Ainda não alcancei os trinta. Sinto-me bem assim e preferia que minha idade mental parasse por aqui. Nem muito maduro, nem irresponsável. No ponto limite entre emoção (em primeiro lugar) e razão.
Prefiro selecionar as tarefas para realizar no próprio dia de execução. Em paradoxo com esta colocação, eu mantenho uma agenda de datas. Não sei se isto se trata de um sentimento individual. Quase todos passaram, estão passando, ou ainda vão passar por isto.

O balanço que sentimos até os trinta é muito especial. Nesta fase penso: “vou assumir uma posição social?”, ou: “Permanecerei na vida de incertezas?”. Esta dúvida parece me levar pro caminho das ‘decisões certas’. Aquelas que criam o desejo de eternizar pequenos momentos e transformar fatos corriqueiros em situações fantásticas.

Não nos julguemos tanto homens de quase trinta (hipocrisia da minha parte, pois me julgo o tempo inteiro). Somos o que somos, mostramos claramente isto. Com exceção dos covardes, estes não merecem créditos neste texto. Falo aqui para os lutadores. Aqueles que reconhecemos por um simples e-mail recebido. Nesta prosa pretendo brindar à idade, pois ela existe apenas na cabeça. Os ‘quase trinta’ são metafóricos.

O massacre no Rio de Janeiro e limite da estupidez humana

Por Nelson José de Camargo*

O massacre ocorrido no dia 7 de abril em uma escola do Rio de Janeiro nos leva a uma reflexão: como é possível que o ser humano, o único “ser racional”, o único capaz de agir contra seus instintos (conforme Rousseau) seja capaz de cometer atos tão bárbaros?

Nietzsche já disse que o homem é “um animal complexo, mendaz, artificial, não transparente, e para os outros animais inquietante, menos pela força que pela astúcia e inteligência, e inventou a boa consciência para chegar a fruir sua alma como algo simples”.

O psicopata que tirou a vida de 12 crianças e deixou outras tantas feridas, antes de acabar com a própria vida, a julgar pela “carta-testamento” que deixou, julgava-se um “puro” em um “mundo de impuros”. Isolado da sociedade, alheio a qualquer forma de relacionamento, vivia no próprio mundo. Exerceu de forma radical o ascetismo: é preciso livrar o mundo das “impurezas”, eliminar completamente o “pecado”, obsessões de sua mente doentia.


Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire
Por Helena Novais*

É sempre emocionante quando encontramos um escritor que traduz tudo o que acreditamos e suas palavras entram em sintonia com nosso próprio coração. Este, para mim, é o caso de Paulo Freire e seu “Pedagogia do Oprimido”. Esta, sim, é a verdadeira revolução dos fortes de espírito! Freire diz:

“Como distorção do ser mais, o ser menos leva os oprimidos, cedo ou tarde, a lutar contra quem os fez menos. E esta luta somente tem sentido quando os oprimidos, ao buscarem recuperar sua humanidade, que é uma forma de criá-la, não se sentem idealistamente opressores, nem se tornam, de fato, opressores dos opressores, MAS RESTAURADORES DA HUMANIDADE EM AMBOS. E aí está a grande tarefa humanista e histórica dos oprimidos – LIBERTAR-SE A SI E AOS OPRESSORES. Estes, que oprimem, exploram e violentam, em razão de seu poder, não podem ter, neste poder, a força de libertação dos oprimidos nem de si mesmos. Só o poder que nasça da debilidade dos oprimidos será suficientemente forte para libertar a ambos. Por isto é o poder dos opressores, quando se pretende amenizar ante a debilidade dos oprimidos, não apenas quase sempre se expressa em falsa genenosidade, como jamais a ultrapassa. Os opressores, falsamente generosos, têm necessidade, para que a sua “generosidade” continue tendo oportunidade de realizar-se, da permanência da injustiça. A ‘ORDEM’ SOCIAL INJUSTA É A FONTE GERADORA, permanente, desta ‘generosidade’ que se nutre da morte, do desalento e da miséria.

O Psicopata no Cinema – de Edgar Alan Poe a Zodíaco

POR HELENA NOVAIS*

O recente lançamento de Zodíaco nos cinemas brasileiros me fez rever um antigo interesse, a psicopatia. O tema é bastante intrigante principalmente por jogar alguma luz sobre a relação humana com a realidade, sobre como se compreende o mundo e se reage a ele, por qual processo o indivíduo se torna o que é. A grosso modo, a psicopatia representa um erro no processo de formação da personalidade, que tanto tem causas biológicas, quanto cognitivas de ordem sócio-ambiental.

Ao contrário do que diz o agente do FBI, Will Grahan, para Hannibal Lecter (em Dragão Vermelho), um psicopata não é um louco. “Sob o ponto de vista intelectual, os psicopatas são como as pessoas normais: não têm qualquer prejuízo de sua capacidade de discernimento”. A psicopatia é uma das variantes do conjunto de anomalias que se convencionou chamar de “distúrbios da personalidade”. Um louco não articula pensamento de forma lógica e com a maestria dos psicopatas. Já estes não são deficientes mentais ou tampouco sofrem de “alucinações ou problemas de identidade, como ocorre com vítimas de esquizofrenia”, pelo contrário, freqüentemente são indivíduos com inteligência acima da média que podem, ainda, serem simpáticos e sedutores e usam “essas qualidades para mentir e enganar os outros”. A grande tragédia é que “embora no plano intelectual entenda perfeitamente a diferença entre o certo e o errado, o psicopata não é dotado de emoções morais: não tem arrependimentos, culpa, piedade nem vergonha. É incapaz de nutrir qualquer empatia pelo próximo”. Sintetizando, o psicopata é biologicamente e psicologicamente incapaz de julgamentos morais.
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A proporção do que é grande é nossa

Por Marcelo Cajui *

Meu horário estava apertado e havia um histórico de atraso com as entregas. Na época (2005) eu trabalhava no restaurante dos meus pais. O orçamento era baixo e filho do dono sempre faz de tudo. Eu dirigia um gol vermelho, no porta-malas dele havia trinta quentinhas protegidas por isopores. A grande distância entre o restaurante e o cliente me obrigava acelerar “um pouco”. Eudes, o cliente, pagava em dia e comprava uma quantidade razoável de almoços.

O caminho era pela Avenida Sapopemba (infinita). Na abertura de cada farol eu forçava o motor. Não dava importância para dirigir certo. O escapamento do carro reagia com pipocos. Neste momento a lei de Murphy se mostrou ativa, pois uma luz acendeu no painel e logo apagou, não liguei, achei que fosse bobagem. Continuei e a luz acendeu e apagou de novo (mais tarde soube que era a falta de óleo). O horário me cegou, fingi que não vi. Permaneci rumo ao bairro Terceira Divisão. Outra vez a luz acendeu daí prestei mais atenção, a cor era vermelha. Não apagou até o carro abrir o bico. Justamente quando a Avenida Sapopemba afunila e vira uma espécie de serra com barracos e casas mal acabadas por toda extensão lateral, um lugar violento. O motor rangia um esguicho agudo, levei até onde deu. Deixei na banguela até o último suspiro de vida do Gol.
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