Sobre a idade
Por Marcelo Cajui*
Ainda não alcancei os trinta. Sinto-me bem assim e preferia que minha idade mental parasse por aqui. Nem muito maduro, nem irresponsável. No ponto limite entre emoção (em primeiro lugar) e razão.
Prefiro selecionar as tarefas para realizar no próprio dia de execução. Em paradoxo com esta colocação, eu mantenho uma agenda de datas. Não sei se isto se trata de um sentimento individual. Quase todos passaram, estão passando, ou ainda vão passar por isto.
O balanço que sentimos até os trinta é muito especial. Nesta fase penso: “vou assumir uma posição social?”, ou: “Permanecerei na vida de incertezas?”. Esta dúvida parece me levar pro caminho das ‘decisões certas’. Aquelas que criam o desejo de eternizar pequenos momentos e transformar fatos corriqueiros em situações fantásticas.
Não nos julguemos tanto homens de quase trinta (hipocrisia da minha parte, pois me julgo o tempo inteiro). Somos o que somos, mostramos claramente isto. Com exceção dos covardes, estes não merecem créditos neste texto. Falo aqui para os lutadores. Aqueles que reconhecemos por um simples e-mail recebido. Nesta prosa pretendo brindar à idade, pois ela existe apenas na cabeça. Os ‘quase trinta’ são metafóricos.
Neste sonho escrito não cabem os de pensamentos retrógrados.
Se tivesse que visualizar uma situação onde eu comemoraria os meus quase trinta, mentalizaria uma mesa de bar com grandes proporções. Precisaria de, no mínimo, duas mercearias São Pedro pra fazer cabê-la. Este móvel talvez seja o que imaginamos da Távora redonda. Não acho que dizer isto seja prepotência ou muita pretensão da minha parte. Vejo copos de cerveja, taças de vinho, cinzeiros lotados de bitucas de cigarros. Dos presentes: uns estão em pé sorrindo, outros estão sentados criando diversos grupos de discussão. No recinto escuto um grito: – UM BRINDE! No mesmo movimento de corpo todos viram e levantam de pronto seus cálices, mesmo sem se conhecer um ao outro. Numa passada de olho vejo os que fizeram parte da minha vida pessoal ou profissional, é impossível citar todos e o que cada um significa ou significou.
Quando temos quase trinta lembramo-nos de ‘quase’ todos os nomes, um por um vemos quem é quem. Para alguns a memória falha, não por falta de esforço, mas por pura desatenção involuntária.
Não sei se a ficha caiu com relação à minha idade, ainda sou novo, tenho certeza disto.
Aos fins de semana sou fotógrafo de eventos, no sábado (meu aniversário) provavelmente eu trabalhe em algum aniversário de 15 anos tirando fotos, pois é... irônico não?
Mesmo com tantas decisões para tomar, a única que considero como certa, é a de que impedirei ‘meus quase trinta ‘ de passar sem histórias para contar. Independente de serem tolas para muitos.
*Marcelo Cajui é graduado em Publicidade
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