domingo, fevereiro 27, 2011

Revolta no mundo árabe

Por Nelson José de Camargo*

O ano de 20110 começou com uma série de revoltas nos países árabes do norte da África. Os protestos populares já causaram a renúncia dos ditadores da Tunísia e do Marrocos. Na Líbia, o ditador Muamar Khadafi tenta resistir no poder.

Qual a causa desses fenômenos? Seria a luta dos povos árabes por liberdade e democracia? Mas o que é democracia? Trata-se do modelo de democracia representativa predominante no mundo ocidental?

A chamada democracia ocidental burguesa não seria mais que um instrumento de dominação das massas, um sistema político destinado a impor os valores da classe dominante, a burguesia, sobre a população. Essa era a constatação dos marxistas. A liberdade estaria em substituir o modelo representativo burguês pala “ditadura do proletariado”, estado intermediário para a “sociedade sem classes” estágio ao qual a sociedade estaria inexoravelmente destinada segundo o “materialismo histórico”.

sábado, fevereiro 26, 2011

O método como caminho para o conhecimento verdadeiro

Por Nelson José de Camargo*

As descobertas científicas que começaram a ocorrer na época do Renascimento provocaram uma mudança radical no pensamento humano. Copérnico e Galileu comprovaram que a Terra era apenas um planeta que girava em torno do Sol, e não mais o centro imóvel do Universo; Newton, com a Lei da Gravitação Universal, explicou o movimento dos corpos celestes com base em leis mecânicas; a prensa de tipos móveis, aperfeiçoada por Gutenberg, permitiu que os livros fossem produzidos em maior quantidade e com menor custo, o que facilitou a divulgação dos novos conhecimentos; e a Reforma protestante rompeu a hegemonia da Igreja Católica Romana.

Nesse cenário de mudança, o pensamento humano (seja a filosofia natural, que hoje compreende as diversas ciências, quanto a filosofia moral – o que conhecemos hoje como filosofia) também passou por transformações.

domingo, fevereiro 13, 2011

La Boétie, Maquiavel e o panis et circensis à moda tupiniquim

Por André Assi Barrreto*

            A política do pão e circo (panis et circensis), para ser mais preciso, do pão e dos jogos (circenses), foi um método político empregado pelos romanos, que proporcionavam à população comida e diversão ao povo, afim de fazer com que a insatisfação com as medidas governamentais diminuíssem. Nos estádios em que gladiadores lutavam ferozmente até a morte, o pão era distribuído gratuitamente.
            Olhando para a atualidade do Brasil como um todo, e da política em especial e salvaguardadas as devidas proporções, qualquer semelhança com a prática romana NÃO é mera coincidência. Essa atualidade tupiniquim me remeteu a dois pensadores em especial, os teóricos políticos Nicolau Maquiavel (1469-1527) e Etiénne de La Boetie (1530-1563), tanto um como o outro alertavam de alguma forma para essa política praticada pelos detentores do poder.

sábado, fevereiro 12, 2011

O relativismo e o progresso da ciência como um processo não cumulativo

Por Nelson José de Camargo*

Há perdas e ganhos nas revoluções científicas, mas os cientistas tendem a ser particularmente cegos quanto às primeiras.

Thomas Kuhn

INTRODUÇÃO
O progresso da ciência, tal como tem sido verificado desde o século XVII, pode ser explicado pelo fato de que as novas teorias científicas podem “predizer e explicar mais fenômenos do que suas predecessoras”[1], ao menos na visão positivista. Ou a ciência está, ao longo do tempo, “aproximando-se progressivamente de um registro verdadeiro do mundo”[2], na visão realista. Sob o ponto de vista pragmatista, o progresso pode ser entendido como “um movimento em direção a realização de determinados fins”[3]. O relativismo, porém, sustenta a posição de que o progresso da ciência não é um processo cumulativo e não tem um fim. Esta dissertação pretende examinar a posição relativista.

PARADIGMAS
Para iniciar a discussão, é preciso distinguir os períodos que caracterizam o progresso científico na visão relativista. São os períodos pré-paradigma e pós-paradigma.

Paradigma é um conjunto de realizações que serve de base à prática científica futura; não é regra, não é método; serve de exemplo para a resolução de problemas futuros. Nas palavras de Thomas Kuhn, paradigmas são “exemplos que incluem conjuntamente leis, teoria, aplicação e instrumentação – fornecem modelos dos quais surgem tradições coerentes e específicas da pesquisa científica”[4].