Por Nelson José de Camargo*
A espiritualidade é inerente ao ser humano? Pode-se afirmar que sim, considerando que a maioria das pessoas tem necessidade de pertencer a um "rebanho" e de ter um "pastor" para guiá-las. O super-homem de Nietzsche é justamente o indivíduo que conseguiu se libertar da culpa judaico-cristã, que não precisa mais de um "pastor", e foi além do homem. Não é mais um indivíduo tolhido pelo pecado e pela culpa, mas sim livre para desfrutar da vida em sua plenitude.
O termo que Nietzsche usou, traduzido em português como super-homem, é Übermensch: über significa sobre, além, e Mensch é homem; logo, o super-homem nietzschiano é literalmente o indivíduo que "superou o homem", e não alguém dotado de “superpoderes”.
Hobbes diz que o "homem é o lobo do homem", e que para permitir uma vida em sociedade minimamente digna foi necessário criar o Estado, com todas as suas implicações positivas e negativas. Já Rousseau afirma que "o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe".
O que realmente corrompe o ser humano, porém, é o poder, e o poder absoluto corrompe absolutamente. O "bom selvagem" de Rousseau é uma ficção.
Aristóteles disse que o homem é um "animal político" na medida em que só se humaniza vivendo em sociedade; no estado de natureza, se torna fera como qualquer animal.
Precisamos uns dos outros para sobreviver. E não vivemos em um mundo kantiano onde cada pessoa é vista como um fim, e não como um meio. Mas as contradições da sociedade acabam necessariamente levando a uma evolução. Essa evolução pode não conduzir a uma sociedade sem classes, como pretendia Marx. Também é duvidoso afirmar que o pensamento humano chegará ao que Hegel chamou de "Absoluto", mas o mundo caminha para frente, ainda que haja muitos retrocessos.
*Nelson José de Camargo é formado em filosofia e jornalismo
Um comentário:
Parabéns Hailton.Magnifico artigo digno de sua inteligencia investigativa e capacidade de articular novas sinteses.Isis Valéria
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