sábado, outubro 01, 2011

A natureza das coisas. A natureza dos homens

Por Luiz Carlos dos Santos*


Guernica - Quadro de Pablo Picasso

Pode se libertar as coisas de leis externas ou acidentais, mas não das leis da sua própria natureza. Você pode, se quiser, libertar um tigre da jaula; mas não pode libertá-lo de suas listras. Não liberte o camelo do fardo de sua corcova: você o estaria libertando de ser um camelo. Não saia por aí feito um demagogo, estimulando triângulos a libertar-se da prisão de seus três lados. Se um triângulo se libertar de seus três lados, sua vida chega a um desfecho lamentável. (Chesterton)

Posso não concordar com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo. (Voltaire).

Recorro as idéias de dois grandes pensadores, o ingles G.K. Chesterton, e o francês François-Marie Arouet (Voltaire), para divagar sobre a maldade endêmica que campeia nesse mundo, mais de perto a grande praga que assola a humanidade, a corrupção, que condena o pobre a mais pobreza, que semeia a fome e as iniquidades.

Caixa dois, mensalão, meias, cuecas, superfaturamento, propina, enrequecimento ilícito, não preciso recorrer a Bertolt Brechet para afirmar que o mundo seria outro sem o flagelo da raça humana, sem o câncer que campeia sem freios entre os humanos, principalmente entre os dirigentes e funcionários pagos para gerenciar os bens públicos.

Dessa forma, embora não concordando plenamente com as palavras de Chesterton mas, usando a máxima de Voltaire, tento compreender, embora sem aceitar, que a natureza das coisas às vezes se aplica a natureza dos homens. Não acreditando que já nascemos pré determinados, mais parece que a natureza da corrupção se agrega ao corrupto e ao corruptor, fazendo com que estes não se libertem jamais desse fardo. Por conseguinte, não adianta simplesmente perdoa-los, ou faze-los pagar pelo mau cometido contra o povo e depois, torná-los novamente gestores da coisa pública.

Estamos constantemente sendo provados que aqueles que participam da faina com dinheiro publico jamais serão novamente honestos e retos. Neste ponto concordamos com Chesterton sobre a natureza das coisas aplicada a natureza dos homens, quem se locupletou com dinheiro público jamais se libertará desse vicio e cabe a justiça e a população afastar para sempre os maus administradores e maus funcionários só assim extirparemos de uma vez por todas a besta do apocalipse, a corrupção.

*Luiz Carlos dos Santos é professor concursado da Rede Pública do Estado de Sergipe

Publicado originalmente em: http://transparenciapocoverde.blogspot.com/2009/12/natureza-das-coisas-natureza-dos-homens.html

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