Por Nelson José de Camargo*
A palavra democracia significa “governo do povo”. Era usada para designar o sistema político de Atenas no período clássico, no qual os cidadãos atenienses, do sexo masculino e maiores de 18 anos, reuniam-se na Ágora para participar das decisões sobre o governo da cidade.
Hoje em dia, o governo de Atenas não seria considerado democrático, pois excluía da participação política mulheres, estrangeiros e escravos, ou seja, a maioria da população.
Para Aristóteles, havia três principais formas de governo: a monarquia, na qual o poder é exercido por uma só pessoa, o monarca; a aristocracia, na qual o governo está a cargo da elite (intelectual, financeira, agrária, etc.); e a democracia, no qual o poder é exercido diretamente pelo povo. Para o filósofo grego, as três formas de governo poderiam ser boas e justas, mas todas as três poderiam se transformar em formas degeneradas: a monarquia, se exercida por um rei injusto, se transforma em tirania; a aristocracia, ao privilegiar uma pequena elite, se transforma em oligarquia (governo de poucos); e a democracia pode se transformar em anarquia, isto é, ausência de governo, o que significa o caos e a desorganização política.
domingo, maio 01, 2011
domingo, abril 24, 2011
“Tudo é verdade e nada é verdade”
Uma leitura da obra O estrangeiro de Albert Camus
Por Hailton Santos
Com a morte de Deus anunciada por Nietzsche o homem moderno sentiu-se livre para extrapolar suas emoções. Sem uma divindade a quem prestar contas, o homem da modernidade é livre para fazer aquilo que bem entender. Assim entendeu Smerdiakóv, personagem de Dostoiévski na obra Irmãos Karamazov (1879), que assassina o próprio pai com a justificativa de que vira um texto (supostamente do pai) com a seguinte frase: “Se Deus não existe tudo é permitido”. Como colorário, disse Smerdiakóv: “Se deus definitivamente não existe, então não existe nenhuma virtude, e neste caso ela é totalmente desnecessária”.[1] Aqui está o problema[2]. É esse o sentido de liberdade no mundo moderno. Sem ideais de bem comum, o homem da modernidade vive a sua insignificância existencial. O estrangeiro de Albert Camus é o retrato desse abismo existencial.
Meursault, personagem central de O estrangeiro, vive a “plenitude” e a “insignificância” do instante. Recusa a lógica da sociedade; a engrenagem que move as ações humanas e a busca por causa e efeito. Talvez porque não dê importância e sentido essencial às coisas no mundo. Isto ficou evidente quando lhe foi perguntado sobre o motivo de ter atirado no árabe. Ele simplesmente respondeu: “por causa do Sol”. Ou seja, não deu sentido aos fatos. Por assim dizer, uma gratuidade pela indiferença.
Como a indiferença vivida por Meursault é consequência da desilusão do homem moderno, desprovido de valores comunitários e guiado por “forças narcísicas”,[3] é possível relacioná-la à doutrina do eterno retorno apontada por Nietzsche?
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Filosofia
domingo, abril 17, 2011
O que é a vida?
Por Nelson José de Camargo*
Esta é uma questão que vêm ocupando a mente de cientistas, filósofos e de muitas pessoas desde os primórdios da raça humana.
Para Aristóteles, são características dos seres vivos: nutrição, sensação e, em alguns deles, a intelecção. Essas características são decorrentes da presença da alma (yuchz), exclusiva dos seres vivos.
A nutrição seria a característica fundamental a todos os seres vivos, uma vez que até as plantas a possuem. Os animais, além da nutrição, possuem a sensação, caracterizada pela presença dos órgãos dos sentidos, responsáveis pelas percepções de tato, paladar, olfato, audição e visão. Desses sentidos, o tato é comum a todos os animais. Um animal pode ter ou não visão e audição, mas tem necessariamente tato.
Portanto, segundo Aristóteles, a alma poderia ser dividida em três partes: nutritiva (comum a todos os seres vivos), sensitiva (presente nos animais e no homem) e intelectiva (característica dos animais capazes de raciocinar, como o homem). Essa estrutura é hierárquica: um ser vivo que tem intelecção tem necessariamente sensação e nutrição, mas não o contrário.
Ainda de acordo com Aristóteles, todos os seres vivos se alimentam e se reproduzem. Portanto, poderíamos considerar vivo qualquer ser capaz de crescer e de reproduzir.
Esta é uma questão que vêm ocupando a mente de cientistas, filósofos e de muitas pessoas desde os primórdios da raça humana.
Para Aristóteles, são características dos seres vivos: nutrição, sensação e, em alguns deles, a intelecção. Essas características são decorrentes da presença da alma (yuchz), exclusiva dos seres vivos.
A nutrição seria a característica fundamental a todos os seres vivos, uma vez que até as plantas a possuem. Os animais, além da nutrição, possuem a sensação, caracterizada pela presença dos órgãos dos sentidos, responsáveis pelas percepções de tato, paladar, olfato, audição e visão. Desses sentidos, o tato é comum a todos os animais. Um animal pode ter ou não visão e audição, mas tem necessariamente tato.
Portanto, segundo Aristóteles, a alma poderia ser dividida em três partes: nutritiva (comum a todos os seres vivos), sensitiva (presente nos animais e no homem) e intelectiva (característica dos animais capazes de raciocinar, como o homem). Essa estrutura é hierárquica: um ser vivo que tem intelecção tem necessariamente sensação e nutrição, mas não o contrário.
Ainda de acordo com Aristóteles, todos os seres vivos se alimentam e se reproduzem. Portanto, poderíamos considerar vivo qualquer ser capaz de crescer e de reproduzir.
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Filosofia
sábado, abril 09, 2011
O massacre no Rio de Janeiro e limite da estupidez humana
Por Nelson José de Camargo*
O massacre ocorrido no dia 7 de abril em uma escola do Rio de Janeiro nos leva a uma reflexão: como é possível que o ser humano, o único “ser racional”, o único capaz de agir contra seus instintos (conforme Rousseau) seja capaz de cometer atos tão bárbaros?
Nietzsche já disse que o homem é “um animal complexo, mendaz, artificial, não transparente, e para os outros animais inquietante, menos pela força que pela astúcia e inteligência, e inventou a boa consciência para chegar a fruir sua alma como algo simples”.
O psicopata que tirou a vida de 12 crianças e deixou outras tantas feridas, antes de acabar com a própria vida, a julgar pela “carta-testamento” que deixou, julgava-se um “puro” em um “mundo de impuros”. Isolado da sociedade, alheio a qualquer forma de relacionamento, vivia no próprio mundo. Exerceu de forma radical o ascetismo: é preciso livrar o mundo das “impurezas”, eliminar completamente o “pecado”, obsessões de sua mente doentia.
O massacre ocorrido no dia 7 de abril em uma escola do Rio de Janeiro nos leva a uma reflexão: como é possível que o ser humano, o único “ser racional”, o único capaz de agir contra seus instintos (conforme Rousseau) seja capaz de cometer atos tão bárbaros?
Nietzsche já disse que o homem é “um animal complexo, mendaz, artificial, não transparente, e para os outros animais inquietante, menos pela força que pela astúcia e inteligência, e inventou a boa consciência para chegar a fruir sua alma como algo simples”.
O psicopata que tirou a vida de 12 crianças e deixou outras tantas feridas, antes de acabar com a própria vida, a julgar pela “carta-testamento” que deixou, julgava-se um “puro” em um “mundo de impuros”. Isolado da sociedade, alheio a qualquer forma de relacionamento, vivia no próprio mundo. Exerceu de forma radical o ascetismo: é preciso livrar o mundo das “impurezas”, eliminar completamente o “pecado”, obsessões de sua mente doentia.
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Cotidiano
sábado, abril 02, 2011
Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire
Por Helena Novais*
É sempre emocionante quando encontramos um escritor que traduz tudo o que acreditamos e suas palavras entram em sintonia com nosso próprio coração. Este, para mim, é o caso de Paulo Freire e seu “Pedagogia do Oprimido”. Esta, sim, é a verdadeira revolução dos fortes de espírito! Freire diz:
“Como distorção do ser mais, o ser menos leva os oprimidos, cedo ou tarde, a lutar contra quem os fez menos. E esta luta somente tem sentido quando os oprimidos, ao buscarem recuperar sua humanidade, que é uma forma de criá-la, não se sentem idealistamente opressores, nem se tornam, de fato, opressores dos opressores, MAS RESTAURADORES DA HUMANIDADE EM AMBOS. E aí está a grande tarefa humanista e histórica dos oprimidos – LIBERTAR-SE A SI E AOS OPRESSORES. Estes, que oprimem, exploram e violentam, em razão de seu poder, não podem ter, neste poder, a força de libertação dos oprimidos nem de si mesmos. Só o poder que nasça da debilidade dos oprimidos será suficientemente forte para libertar a ambos. Por isto é o poder dos opressores, quando se pretende amenizar ante a debilidade dos oprimidos, não apenas quase sempre se expressa em falsa genenosidade, como jamais a ultrapassa. Os opressores, falsamente generosos, têm necessidade, para que a sua “generosidade” continue tendo oportunidade de realizar-se, da permanência da injustiça. A ‘ORDEM’ SOCIAL INJUSTA É A FONTE GERADORA, permanente, desta ‘generosidade’ que se nutre da morte, do desalento e da miséria.

“Como distorção do ser mais, o ser menos leva os oprimidos, cedo ou tarde, a lutar contra quem os fez menos. E esta luta somente tem sentido quando os oprimidos, ao buscarem recuperar sua humanidade, que é uma forma de criá-la, não se sentem idealistamente opressores, nem se tornam, de fato, opressores dos opressores, MAS RESTAURADORES DA HUMANIDADE EM AMBOS. E aí está a grande tarefa humanista e histórica dos oprimidos – LIBERTAR-SE A SI E AOS OPRESSORES. Estes, que oprimem, exploram e violentam, em razão de seu poder, não podem ter, neste poder, a força de libertação dos oprimidos nem de si mesmos. Só o poder que nasça da debilidade dos oprimidos será suficientemente forte para libertar a ambos. Por isto é o poder dos opressores, quando se pretende amenizar ante a debilidade dos oprimidos, não apenas quase sempre se expressa em falsa genenosidade, como jamais a ultrapassa. Os opressores, falsamente generosos, têm necessidade, para que a sua “generosidade” continue tendo oportunidade de realizar-se, da permanência da injustiça. A ‘ORDEM’ SOCIAL INJUSTA É A FONTE GERADORA, permanente, desta ‘generosidade’ que se nutre da morte, do desalento e da miséria.
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