POR NELSON JOSÉ DE CAMARGO*
Muito se fala sobre “reality shows”: poucos admitem que assistem a esse tipo de programa, mas continuam no ar há mais de uma década. Qual é a razão de seu sucesso?
Seriam os tais reality shows imposições da indústria cultural, no sentido que Horkheimer e Adorno deram a esse termo, uma forma de impor às massas um tipo de entretenimento alienante? Apenas mais um desdobramento do Aufklärung, que segundo Nietzsche apenas “um meio infalível para tornar os homens inseguros, com a vontade fraca, com desejo de ser conquistados e protegidos, em resumo, transformados em criaturas de rebanho”.
Podemos então relembrar Rousseau quando este afirma que “o homem nasce puro, mas a sociedade o corrompe”. As massas consomem o lixo que lhe é imposto porque não têm acesso aos biscoitos finos dos grandes artistas. Afinal, como diz Schiller, “o sentimento educado para a beleza refina os costumes”.
sábado, março 26, 2011
O Psicopata no Cinema – de Edgar Alan Poe a Zodíaco
POR HELENA NOVAIS*
O recente lançamento de Zodíaco nos cinemas brasileiros me fez rever um antigo interesse, a psicopatia. O tema é bastante intrigante principalmente por jogar alguma luz sobre a relação humana com a realidade, sobre como se compreende o mundo e se reage a ele, por qual processo o indivíduo se torna o que é. A grosso modo, a psicopatia representa um erro no processo de formação da personalidade, que tanto tem causas biológicas, quanto cognitivas de ordem sócio-ambiental.
Ao contrário do que diz o agente do FBI, Will Grahan, para Hannibal Lecter (em Dragão Vermelho), um psicopata não é um louco. “Sob o ponto de vista intelectual, os psicopatas são como as pessoas normais: não têm qualquer prejuízo de sua capacidade de discernimento”. A psicopatia é uma das variantes do conjunto de anomalias que se convencionou chamar de “distúrbios da personalidade”. Um louco não articula pensamento de forma lógica e com a maestria dos psicopatas. Já estes não são deficientes mentais ou tampouco sofrem de “alucinações ou problemas de identidade, como ocorre com vítimas de esquizofrenia”, pelo contrário, freqüentemente são indivíduos com inteligência acima da média que podem, ainda, serem simpáticos e sedutores e usam “essas qualidades para mentir e enganar os outros”. A grande tragédia é que “embora no plano intelectual entenda perfeitamente a diferença entre o certo e o errado, o psicopata não é dotado de emoções morais: não tem arrependimentos, culpa, piedade nem vergonha. É incapaz de nutrir qualquer empatia pelo próximo”. Sintetizando, o psicopata é biologicamente e psicologicamente incapaz de julgamentos morais.
O recente lançamento de Zodíaco nos cinemas brasileiros me fez rever um antigo interesse, a psicopatia. O tema é bastante intrigante principalmente por jogar alguma luz sobre a relação humana com a realidade, sobre como se compreende o mundo e se reage a ele, por qual processo o indivíduo se torna o que é. A grosso modo, a psicopatia representa um erro no processo de formação da personalidade, que tanto tem causas biológicas, quanto cognitivas de ordem sócio-ambiental.
Ao contrário do que diz o agente do FBI, Will Grahan, para Hannibal Lecter (em Dragão Vermelho), um psicopata não é um louco. “Sob o ponto de vista intelectual, os psicopatas são como as pessoas normais: não têm qualquer prejuízo de sua capacidade de discernimento”. A psicopatia é uma das variantes do conjunto de anomalias que se convencionou chamar de “distúrbios da personalidade”. Um louco não articula pensamento de forma lógica e com a maestria dos psicopatas. Já estes não são deficientes mentais ou tampouco sofrem de “alucinações ou problemas de identidade, como ocorre com vítimas de esquizofrenia”, pelo contrário, freqüentemente são indivíduos com inteligência acima da média que podem, ainda, serem simpáticos e sedutores e usam “essas qualidades para mentir e enganar os outros”. A grande tragédia é que “embora no plano intelectual entenda perfeitamente a diferença entre o certo e o errado, o psicopata não é dotado de emoções morais: não tem arrependimentos, culpa, piedade nem vergonha. É incapaz de nutrir qualquer empatia pelo próximo”. Sintetizando, o psicopata é biologicamente e psicologicamente incapaz de julgamentos morais.
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sábado, março 19, 2011
A proporção do que é grande é nossa
Por Marcelo Cajui *
Meu horário estava apertado e havia um histórico de atraso com as entregas. Na época (2005) eu trabalhava no restaurante dos meus pais. O orçamento era baixo e filho do dono sempre faz de tudo. Eu dirigia um gol vermelho, no porta-malas dele havia trinta quentinhas protegidas por isopores. A grande distância entre o restaurante e o cliente me obrigava acelerar “um pouco”. Eudes, o cliente, pagava em dia e comprava uma quantidade razoável de almoços.
O caminho era pela Avenida Sapopemba (infinita). Na abertura de cada farol eu forçava o motor. Não dava importância para dirigir certo. O escapamento do carro reagia com pipocos. Neste momento a lei de Murphy se mostrou ativa, pois uma luz acendeu no painel e logo apagou, não liguei, achei que fosse bobagem. Continuei e a luz acendeu e apagou de novo (mais tarde soube que era a falta de óleo). O horário me cegou, fingi que não vi. Permaneci rumo ao bairro Terceira Divisão. Outra vez a luz acendeu daí prestei mais atenção, a cor era vermelha. Não apagou até o carro abrir o bico. Justamente quando a Avenida Sapopemba afunila e vira uma espécie de serra com barracos e casas mal acabadas por toda extensão lateral, um lugar violento. O motor rangia um esguicho agudo, levei até onde deu. Deixei na banguela até o último suspiro de vida do Gol.
Meu horário estava apertado e havia um histórico de atraso com as entregas. Na época (2005) eu trabalhava no restaurante dos meus pais. O orçamento era baixo e filho do dono sempre faz de tudo. Eu dirigia um gol vermelho, no porta-malas dele havia trinta quentinhas protegidas por isopores. A grande distância entre o restaurante e o cliente me obrigava acelerar “um pouco”. Eudes, o cliente, pagava em dia e comprava uma quantidade razoável de almoços.
O caminho era pela Avenida Sapopemba (infinita). Na abertura de cada farol eu forçava o motor. Não dava importância para dirigir certo. O escapamento do carro reagia com pipocos. Neste momento a lei de Murphy se mostrou ativa, pois uma luz acendeu no painel e logo apagou, não liguei, achei que fosse bobagem. Continuei e a luz acendeu e apagou de novo (mais tarde soube que era a falta de óleo). O horário me cegou, fingi que não vi. Permaneci rumo ao bairro Terceira Divisão. Outra vez a luz acendeu daí prestei mais atenção, a cor era vermelha. Não apagou até o carro abrir o bico. Justamente quando a Avenida Sapopemba afunila e vira uma espécie de serra com barracos e casas mal acabadas por toda extensão lateral, um lugar violento. O motor rangia um esguicho agudo, levei até onde deu. Deixei na banguela até o último suspiro de vida do Gol.
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Cotidiano
terça-feira, março 08, 2011
O futuro da mulher e as meninas na China
Por Isis Valéria
Março nos traz, além das tradicionais águas, cantadas por Tom Jobim, em sua famosa canção, a comemoração do Dia da Mulher no dia 8.
Já ouvi muitas vezes comentários sobre por que a mulher deveria ter um dia especial, no calendário do ano.
Com certeza a mulher ainda é um gênero que sofre injustiças, preconceitos e rejeições. Desde a maldição bíblica até os nossos dias convive com todos os tipos de tabus e atos de extrema crueldade. Basta um olhar para os rostos cobertos pelos véus islâmicos. O simples fato de mostrar o rosto é motivo de vergonha e repressão.
Março nos traz, além das tradicionais águas, cantadas por Tom Jobim, em sua famosa canção, a comemoração do Dia da Mulher no dia 8.
Já ouvi muitas vezes comentários sobre por que a mulher deveria ter um dia especial, no calendário do ano.
Com certeza a mulher ainda é um gênero que sofre injustiças, preconceitos e rejeições. Desde a maldição bíblica até os nossos dias convive com todos os tipos de tabus e atos de extrema crueldade. Basta um olhar para os rostos cobertos pelos véus islâmicos. O simples fato de mostrar o rosto é motivo de vergonha e repressão.
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Política
segunda-feira, março 07, 2011
Para filosofar, uma paráfrase do Zaratustra
Por Nelson José de Camargo*
Zaratustra foi sozinho a Universidade. Quando lá chegou, postou-se diante dele um jovem, que havia abandonado a casa de papai e mamãe, para iniciar a construção do socialismo científico. Assim falou o jovem a Zaratustra:
"Este andarilho não é estranho para mim. Há algum tempo passou por aqui. Ele se chamava Zaratustra, mas estava perdido."
"Naquela ocasião tu trazias teus livros para o campus: ainda queres levar tua sabedoria para os jovens? Não temes o nosso ardor revolucionário?"
Zaratustra foi sozinho a Universidade. Quando lá chegou, postou-se diante dele um jovem, que havia abandonado a casa de papai e mamãe, para iniciar a construção do socialismo científico. Assim falou o jovem a Zaratustra:
"Este andarilho não é estranho para mim. Há algum tempo passou por aqui. Ele se chamava Zaratustra, mas estava perdido."
"Naquela ocasião tu trazias teus livros para o campus: ainda queres levar tua sabedoria para os jovens? Não temes o nosso ardor revolucionário?"
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