Lord Action
Por Nelson José de Camargo*
Um fato que podemos constatar todos os dias, com a leitura nos jornais, é o poder das oligarquias. Grupos oligárquicos ainda dominam extensas regiões de nosso país, especialmente no Nordeste e em áreas rurais. É o resultado natural do processo de colonização do Brasil, que deixou marcas indeléveis.
O fato de o governo aliar-se a oligarcas para governar é um reflexo do modelo político em vigor, o assim chamado presidencialismo de coalizão, no qual a governabilidade é conquistada com a distribuição de cargos e com o aparelhamento do Estado.
Tem sido assim desde a promulgação da Constituição de 1988, que tem forte viés parlamentarista, embora o Brasil seja um país presidencialista, conforme decisão popular em plebiscito.
É evidente que é preciso romper com este modelo de perpetuação de oligarquias reacionárias no poder. Mas esta é uma tarefa bem difícil. Os partidos políticos brasileiros são siglas artificiais, que não representam os segmentos da sociedade. Seu objetivo é apenas conquistar o poder e perpetuar-se nele.
Fala-se em reforma política, o que incluiria medidas como o fim do voto obrigatório, o voto distrital, a lista partidária, o financiamento público de campanhas políticas. Mas nada disso terá qualquer efeito se não houver consciência por parte da população.
Falando francamente: quem se lembra em quem votou para deputado? E quantos são os eleitores que votam no candidato que está à frente nas pesquisas para votar no “vencedor”?
Ser cidadão não se limita a comparecer às eleições e escolher entre os candidatos que são propostos pela ordem vigente. Na verdade, é preciso ter senso crítico e procurar analisar a situação levando em conta a conjuntura. E não podemos, tampouco, nos deixarmos levar pela mídia. Não existe, e nunca existirá, jornalismo totalmente isento. As empresas de comunicação têm interesses a defender, e por trás delas há grupos financeiros nacionais e internacionais.
Logo, para libertar-se da “servidão voluntária”, condição inexorável de quem não se importa com os destinos da nação, é preciso agir, cobrar, questionar, participar e exigir. Como disse o bispo anglicano Desmond Tutu, um dos líderes na luta contra o apartheid, “quem fica indiferente diante de uma injustiça está a favor do opressor”.
*Nelson José de Camargo é Bacharel em filosofia e jornalista
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