domingo, abril 14, 2013

A esperança do pobre é o ano que vem!

Por Hailton Santos

Quando se fala da seca que castiga a região Nordeste, as manchetes são praticamente iguais às do tempo do coronelismo da República Velha (1889-1930). A literatura oficial diz que esse perverso meio de explorar riquezas e pessoas já não mais existe. Será mesmo?

O grande problema do Nordeste brasileiro é má distribuição de águas na região, como já se sabe há muito tempo. O mais ingênuo dos homens sabe que é sim possível resolver tal problema. A questão é política, ou seja, de vontade política.

Podemos citar como exemplo as regiões áridas em Israel e em Las Vegas, nos Estados Unidos, que tinham problemas parecidos... Com a diferença que lá as chuvas são mais escassas e o clima desértico. Diferentes das condições do Nordeste brasileiro, aonde as chuvas chegam, ainda que de forma irregular.

Israel e Las Vegas são exemplos de políticas públicas bem-sucedidas no que tange à recursos hídricos. Como tais, são referências para o resto do mundo.

Por que então, desde a República Velha, não conseguimos avançar nessa questão?

Porque essencialmente o coronelismo não acabou. Na verdade, nunca deixou de existir. Hoje o coronelismo institucionalizou-se na figura do político. Se no passado o sertanejo era ludibriado com cestas básicas, hoje tem a bolsa-família, que tem o mesmo efeito.

Aonde quero chegar? O sofrimento toma novas formas. É a mesma seca com ares modernos.

Desde que tal problema foi constatado, não foi feito nada no sentido de resolvê-lo definitivamente. É verdade que algumas tentativas foram realizadas por meio do DNOCS (Departamento Nacional de Obras contra as Secas), mas a burocracia associada ao alto índice de corrupção de políticos e pessoas envolvidas culminam em obras inacabadas, sem relevância e muito caras.

É claro que não se fala aqui em se fazer chover com regularidade, infelizmente a ciência ainda não chegou a tal ponto, mas que se crie melhores condições de convivência com ela.

De resto espera-se que o sertanejo ouça os gemidos da seca e entenda que o assistencialismo (por si só) não resolve o problema. Que parta então para uma reivindicação mais consistente e portanto mais adequada à cidadania e bem estar. Não dá para esperar pela boa vontade dos céus. Ela pode demorar.

Um comentário:

Nelson disse...

Texto breve mais interessante sobre um problema que se arrasta a muito tempo, consequência de vários fatores: oligarquias corruptas e atrasadas que se perpetuam no poder local, independentemente de quem esteja no governo federal; velhas práticas de política clientelista e demagógica, ainda presentes em pleno século XXI; falta de consciência política e de iniciativa popular para cobrar medidas efetivas a respeito.